quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Auto-retrato da prosa


Sou amorfo de mim. Punhado de argila. Mas consciente. Por isso que é estranho perceber a ausência de forma. Analiso a vida como conheço, e somo a isso, o que sei sobre mim mesmo. Daí analiso as possibilidades. Sempre há vários caminhos, consequência direta de nossas escolhas. Como no xadrez. Lances de espera, lances forçados... Às vezes conhecemos alguém "en passant", a pessoa segue, os lances da vida se sucedem, e lá na frente, essa pessoa se torna importante pra nós. Quantas vezes fazemos "trocas" na vida, para ganhar posicionamento estratégico...

Mas voltemos à forma. O que quero dizer é que vejo tantas coisas que eu poderia ter sido, tantos caminhos diferentes poderia ter seguido, mas, por me conhecer, optei conscientemente por não percorrê-los... Não adquiri a forma que meus pais e a sociedade esperavam. Decidi ficar aqui, massinha de modelar, pensando. E de pensar em tantas coisas, quase enlouqueço, e então, escrevo. Escrevo porque é o que sei fazer, e não entra em conflito com nenhuma outra parte de mim.

Teria sido um péssimo advogado; os clientes culpados iriam pra cadeia. Policial, nunca; teria que andar armado. Nem médico; não teria estômago. Até poderia ser músico, mas não tenho a disciplina necessária. E de repente, no meio do devaneio, percebo a verdade.

Eu sei o que sou:

Sou escritor!

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