segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Independência ou Morte??!

7 de setembro. Comemoramos hoje a Independência do Brasil. O que está errado nessa frase? TUDO! Vejamos:

Comemora-se algo bom, algo de que se quer lembrar, comemora-se o sucesso em algo. Temos o que comemorar?

Independência... Desde quando? Somos até hoje totalmente dependentes, se não de Portugal, de todo o sistema capitalista, chefiado pelos EUA. Tanto que uns poucos loucos que especulem mal no mercado imobiliário deles causa uma crise no mundo todo...

Mas deixemos de ser tão fatalistas. Nos atenhamos à história: Quem "declarou a independência" do Brasil? Dom Pedro, filho do então imperador português, imperador esse que havia fugido para cá por medo de Napoleão e com sérios problemas com a Inglaterra. Com o exército francês se aproximando perigosamente da pátria lusa, a Coroa portuguesa não teve outra escolha a não ser voltar e tentar "marcar presença". Imaginem a pressão que esse imperador devia estar sofrendo dos outros membros da corte, seus patrícios. Mas não podia perder o Brasil, essa colônia maravilhosamente rica, que estava elevendo Portugal à patamares de Riqueza, poder e domínio como nunca antes. Sim porque, foi o ouro, o café, a cana-de-açucar e a borracha brasileira, além do sistema escravocrata utilizado por eles então, que os colocou no papel de maior império "colonizador", da época.

Por outro lado, rebentavam pelo país afora, uma série de insurgências e protestos, brasileiros insatisfeitos que não tinham perspectivas e sabiam-se explorados (peraí, ainda é assim!), que começavam a conspirar contra os desmandos do "Império" e da família Real, que no Brasil, havia tomado as melhores casas para si, os principais recursos, e ainda tinham o descaramento de andar de liteira, cheios de seda, pra cima e pra baixo.

Então pensemos: Se a família Real fosse toda embora, perderia o Brasil. Se ficassem, poderiam perder Portugal! E no meio dessa "dúvida" toda, D. Pedro "resolve" se unir aos insurgentes "contra o pai" e declarar a independência. Mas como assim? Se o próprio Imperador disse: "vai filho, e torna-te o imperador do Brasil. Prefiro que sejas tu, que um desses aventureiros"! Ou seja, foi um truque! Ilusionismo! E até hoje tentam empurrar isso para as nossas crianças. Não houve "independência", o que houve foi um caso descardado de nepotismo! Nem aquela cena bonita que vemos nos livros história foi daquele jeito. O cavalo dele era um "pônei" e nem tinha tanta gente assim às margens do Ipiranga. E de mais a mais, que papo foi esse de "Independência ou morte"? E por acaso Imperador iria ordenar a morte do próprio filho? Teve morte sim, mas dos nossos bisavós...

Resumo da ópera: Não temos o que celebrar (nesse sentido) pois não somos independentes.

Felizmente, o produto final dessa balburdia somos nós, brasileiros legítimos, formados na mistura de todas essas raças e culturas. Nós, os segundos donos da terra (primeiro os índios, hein?). Nós que sangramos nos trocos das fazendas, nós que fugimos para os quilombos, nós que fomos caçados como bicho. Sim, nós, pois essa terra e essa história são nossa herança. Eram nossos ancestrais africanos, indígenas, europeus, que ao se "misturar" criaram esse milkshake genético que somos. E nos orgulhamos muito disso.

Essa, aliás, é uma diferença fundamental entre nós e a maioria dos outros povos do mundo "civilizado". Os europeus, por exemplo, adoram se gabar de sua origem, seu pedigree. Povos como o espanhol e o alemão, fazem todo o possível pra não se "misturar", diluindo assim a "pureza do seu sangue". Muitos deles (franceses e ingleses, por exemplo), tem rivalidades seríssimas e "milenares" entre si. Cada um querendo ser mais "soberano" que o outro. Nós por outro lado, somos plenamente cônscios de nossa origem, e mais cônscios ainda de nossa IDENTIDADE. Ser brasileiro é justametne o oposto do que eles são. Brasileiro é mistura, é miscigenação, é soma. Sabemos que não descendemos de nenhuma raça milenar, e gostamos disso! Brasileiro gosta é de somar, de agregar. Brasileiro gosta é do oposto. Repare: Quantos casais interraciais você conheçe? Negão adora loira, e vice-versa. Só aqui é possível encontrar tantas pessoas de uma mesma nacionalidade com tantas características diferentes. Há brasileiro japa, negão, branquelo, ruivo... tem até malhado! E é exatamente isso que nos enche de orgulho: A diversidade. A nossa existência é um tributo à superação, e à sobrevivência a qualquer custo.

Então, nesse 7 de setembro, vamos comemorar a coisa certa: Celebremos o Brasil e os brasileiros. Celebremos a (pouca, eu sei...) tolerância que nos fez crescer como povo. Celebremos os nossos ancestrais, que batalharam pelo sonho de um país mais justo e livre, e nos ensinaram a não desistir jamais. Celebremos à memória de todos os homens e mulheres que deram suas vidas, através da história para defender nossa liberdade. Celebremos a todos aqueles que morreram (até hoje) tentando nos tornar verdadeiramente independentes. No pensamento. Nas atitudes.

Celebremos mas para não esquecer nossos heróis, os inconfidentes, os cabanos e tantos outros que com seu sangue, escreveram nossa história. Celebremos hoje, porque amanhã, a batalha recomeça...
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Original: Guilherme Castelo

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