sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O país onde moro

Puta merda! A gente se ferrou de novo! Digo a gente do ponto de vista do oprimido, irmão meu, sangue do meu sangue, sangue brasileiro. Todos nós estamos entre os fogos cruzados, de todos os tipos.

“Mas se ergues da justiça a clava forte,

Verás que o filho teu não foge à luta,

Nem teme quem de adora à própria morte.

Terra adorada, entre outras mil és tu Brasil, ó pátria amada,

Dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada Brasil.”

Bonito, não é? Também me arrepio, sou brasileiro! Mas... Experimente cantar com a barriga doendo, fazendo dupla com a fome. “– Vai procurar trabalho!” precisa de estudos (como? Onde?) e ter saúde, mas desse jeito? Ferrou de vez... Estamos patrocinando especializações, mestrados e doutorados em corrupção, tramóias e afins. E como eles aprendem rápido no planalto central!

Daí os fundos, no fundo, estão à amostra. A saúde vira suruba, e mesmo relaxando, não dá pra gozar. Nós não, pelo menos. O cara morreu, a TV mostrou, todo mundo viu. E aí? A morte deve estar de férias por aqui. Mas pra não perder o costume...

- mãe, to sentindo um zunido no ouvido...

- abaixa aí moleque! Quer encontrar uma bala perdida?

Perdidos estamos nós, as balas é que nos acham. Cadê as criancinhas? Traficadas como bichos, ou menos. É carro-bomba, homem-bomba, e essas bombas só explodem na gente.

“Colapso na saúde”, “crise aérea”, “problemas na agricultura”, “quebra de decoro parlamentar”. Estamos ampliando a língua, criando novos hábitos idiomáticos, fazendo escola, ou melhor, não fazendo escolas! E o povo continua totalmente analfabeto quanto à essa língua, tão atual e recorrente, o safadez!

E todos falam fluentemente: traficantes e senadores, polícia e bandidos, homicida e juíza. Claro, todos aprenderam na mesma escola. Escola essa, aliás, também freqüentada pelos seus filhos, que se reúnem à noite, para espancar empregadas.


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Ps.: Eu sei que todos os fatos citados no texto já são história antiga (como qualquer crime com mais de um mês, no Brail), mas gostei do texto e o achei pertinente na época. A bem da verdade, mesmo agora, é só mudar os exemplos a ainda fará sentido. Infelizmente.

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Texto Original: Guilherme Castelo

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