domingo, 18 de setembro de 2011

Evasão escolar e desinteresse dos alunos: o que podemos fazer? (um artigo antigo)







UNAMA - Universidade da Amazônia
CCHE – Letras
2009





Evasão escolar e desinteresse dos alunos: o que podemos fazer?

Luiz Guilherme Farias Castelo




"O professor medíocre conta. O bom professor explica. 


O professor superior demonstra. O grande professor, inspira."


(William Arthur Ward) 




Muito se tem falado sobre Reforma na Educação brasileira. Ultimamente até o Papa tem influenciado na Educação brasileira. Mas será que aos verdadeiros interessados, os educandos brasileiros, se têm dada a devida atenção? Temos visto um sem número de fóruns, seminários e reuniões políticas em Brasília desde os anos 80, e ainda assim, enfrentamos graves problemas na educação.

O resultado direto da maioria dessas discussões, contudo, acaba quase que invariavelmente, influenciando de uma forma ou de outra, nas leis que servirão de diretrizes para a prática docente no país. O “texto da Lei” atua, traz uma proposta muito importante, de integração. Há até uma tendência um pouco maior em se utilizarem métodos científicos e experimentados, em detrimento dos antigos preceitos educacionais. Isto é ótimo. Mas é só o começo. É preciso que se perceba que o mundo está em constante mudança e faz-se necessário que acompanhemos essa mudança.

Nesse sentido, podemos afirmar que a formulação do Referencial Curricular Nacional e os PCN’s significaram um enorme avanço em direção à uma “escola” nova, mais dinâmica e mais eficiente. Notamos, contudo, que não é o suficiente. É como dissemos, o começo do caminho. É a bússola indicando o caminho, e ele é longo. A própria distância entre o que diz o “texto da lei” e nossa realidade, é ainda gigantesca.

Nossa “missão”, como os educadores do futuro, é diminuir essa distância. Sabemos, entretanto, das dificuldades de tal empreitada. Há muito a se fazer, e não só no campo da Educação. Não há como se pensar em “Educação”, sem se levar em conta os fatores sociais e seus desdobramentos. Não há como ignorar o papel da família no processo de formação dos indivíduos. Há que se conscientizar as pessoas que é nos primeiros anos da vida que se forma o caráter, que criancinhas aprendem MUITO com os exemplos que tem à sua frente, e que o professor não é o responsável pela criação de seus filhos, mas por sua educação, ou seja, processo de letramento, docência e acompanhamento acadêmico, e que o maior responsável direto pela criança é ele, o pai, é ela, a mãe. Se conseguirmos fazer os pais o futuro perceberem tal realidade com mais compromisso, aí sim, daremos um salto verdadeiramente grande no sentido de unidos, pais e educadores, mudarmos os rumos da educação como a conhecemos, e darmos às nossas crianças mais que esperanças; Dar-lhes certeza de um futuro digno.

Como dissemos, um grande salto. Mas há outros passos tão necessários quanto. É preciso que haja estabilidade entre os outros fatores sociais que compõe essa equação. Parece “chover no molhado”, mas o Governo tem uma parcela FUNDAMENTAL no processo. Seria ingenuidade nossa ficarmos aqui falando da educação básica e sua importância no processo de desenvolvimento do aluno e na necessidade de maior compromisso dos pais na criação e orientação das crianças, e ignorarmos a realidade social dessas famílias. Não podemos mais aceitar que as regras sejam baseadas nas estatísticas da classe média, que sejam pensadas levando-se em conta índices que nem sempre refletem a realidade. Há que se levar em conta que a grande maioria da população brasileira é pobre, que muitas famílias são desestruturadas, por diversas razões, e que o Brasil é um país de contrastes e diferenças, e que são essas diferenças que compuseram o Brasil, desde sua origem.

Há que se ter em conta às múltiplas realidades vivenciadas por cada família, cada criança. Há crianças que aprendem a ler e escrever a palavra “PAI” muito antes de saber seu real significado. Muitos jamais saberão. Há crianças que precisam assumir responsabilidades muito cedo, sendo os “pais” de seus irmãozinhos, pois seus pais precisam trabalhar o dia todo, para ganhar esse mínimo salário mínimo, sem o qual todos morreriam de fome. Há crianças filhas de lares instáveis, que são vítimas de todos os tipos de abusos e privações, e ao contrário do que possam pensar alguns, esses casos não são minoria.

Não podemos mais pensar em uma escola que não esteja integrada à realidade de seus alunos, nem podemos aceitar mais governos descompromissados com a educação das crianças e com as questões sociais e pessoais das famílias. Como ensinar às crianças que devem se alimentar corretamente, com todos os grupos de cores, se eles não têm nada em casa para comer? Como lhes dizer que precisam estudar para ter um futuro melhor se eles vêem seus pais desempregados? Como lhes dizer que se afastem das drogas e do crime se mesmo formados, não terão oportunidades reais na vida? Precisamos fazer alguma coisa. Precisamos mudar nossa concepção de mundo, de tal modo que haja mesmo um futuro para nossos filhos. 

É nesse sentido que o presente artigo vem oferecer uma possibilidade alternativa, para minimizar os impactos de todos esses fatores sociais na educação de nossas crianças e efetivamente diminuir a evasão escolar na Escola-Alvo de nossa problematização, a Escola Brigadeiro Fontenelle.

Durante o processo de pesquisa para a confecção deste projeto, tive acesso a diversas entrevistas, pesquisei jornais, livros sobre educação e pedagogia, revistas especializadas em educação e sites. Dentre essas fontes de embasamento teórico, citarei aqui no corpus do trabalho, algumas dessas fontes, à guisa de exemplificação e elucidação. A íntegra dos principais trabalhos que me orientaram nesse processo poderá ser encontrada mais adiante, no Anexo I.

Uma dessas fontes foi seguramente a reportagem publicada no Jornal Folha de S. Paulo, Caderno Cotidiano, do dia 11 de setembro de 2000, de responsabilidade de Fernanda Krakovics, sob o título “Música ajuda na alfabetização de crianças” que diz, em seu primeiro parágrafo, que “a música é cada vez mais usada para alfabetizar, resgatar a cultura e ajudar na construção do conhecimento de crianças carentes. Projetos que envolvem a música na integração social se espalham por todo o país e são exemplos de sucesso”.

Segundo a Assessora de Comunicação do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), em Brasília, Florrance Bauer, “a música atrai a criança, serve de motivação, deixa-a mais atenta e é um instrumento de cidadania, contribuindo para a elevação de sua auto-estima. A isso se deve o grande número de projetos de educação através da música no Brasil e seu sucesso.”

Ainda na mesma reportagem, a diretora de cultura da Didá Escola de Música, em Salvador, Vivian Queiroz, diz que “a rotina das oficinas de percussão, teclado, bateria, canto e instrumentos de corda desenvolve nas crianças e adolescentes, sem que eles percebam, valores como disciplina e integração.” Segundo Vivian, a música está presente, desde muito cedo, no cotidiano das crianças e, por isso, “elas (as crianças) têm uma sensibilidade musical impressionante, em grande parte porque acordam e dormem ouvindo música.”

Outra iniciativa de educação através da música acontece na escola Centro Educacional Daruê Malungo, na cidade de Recife. Lá, além das aulas de percussão e de outras oficinas culturais, são oferecidas aulas de alfabetização onde o método de ensino, porém, é baseado na música.

Segundo a diretora Vilma Carijós, “aqui o ‘a’ é de atabaque, e não de avião, o ‘b’ é

de berimbau e o ‘c’, de caxixi. Também utilizamos como texto letras de música”. Acredita que, desta forma, facilita a aprendizagem dos alunos “por fazer parte da vida deles.”

Há outro projeto, intitulado “Música na Escola”, parceria da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro com o Conservatório de Música Brasileira, que também trabalha a música em classes de alfabetização. Esse projeto envolve os professores da rede municipal de ensino que, depois de freqüentarem oficinas de capacitação em que têm aulas de voz, construção de instrumentos e cultura popular, aplicam o que aprenderam em salas de aula.

Segundo o educador musical Sérgio Henrique Alves de Andrade, a música não está na escola como uma atividade recreativa, mas sim na construção do conhecimento. Ele vê como primordial no projeto, o resgate cultural, e ressalta que “as crianças geralmente não têm acesso à música popular, à diversidade de ritmos. Quando levamos isso para a sala de aula, elas se interessam.”

Outra experiência bem sucedida está sendo aplicada aos alunos da quarta série da Escola Municipal de Ensino Fundamental Marechal Rondon, em São José do Norte.

Os alunos estão aprendendo Matemática, Ciências, Português e outras matérias dentro do projeto “O Tom da Vida” idealizado pelas professoras Marisane Martins e Ladelan Scott Hood, cujo início aconteceu no começo deste ano, depois que as professoras perceberam a falta de interesse dos alunos em ir para a escola. “Como a minha turma é de alunos repetentes, eu não quis repetir o conteúdo da mesma forma que eles já viram. Por isso, ouvi o gosto deles, e todos gostavam de música”, diz a professora Marisane. A partir da letra das músicas escolhidas pelas professoras e pelos próprios alunos – os conteúdos são trabalhados de forma globalizada. “A vida não tem separações. Eles precisam atender tudo ao mesmo tempo”, afirma Marisane.

Através da música Planeta Água, de Guilherme Arantes, como exemplo, as professoras passam lições de sinônimos e antônimos, interpretação, valores, meio ambiente, hidrografia do Rio Grande do Sul e sistema de numeração. Tudo de forma divertida e quebrando a rotina e, assim, estimulando o prazer dos alunos em aprender. “O aluno precisa querer ficar na escola, senão ele não aprende”, diz a professora Ladelan.

Essa iniciativa já trouxe resultados positivos nas duas turmas. Segundo as professoras, o envolvimento dos alunos hoje é bem maior. “É bom, gosto de ouvir música. Nem perco mais as aulas”, afirma o estudante Douglas Viana, de 11 anos. O projeto foi apresentado na Secretaria Municipal da Educação e Cultura do Município e pode ter seguimento no próximo ano. “Tudo vai depender do interesse das turmas”, finaliza Marisane.

Há várias formas de se trabalhar a Música na escola, por exemplo, de forma lúdica e coletiva, utilizando jogos, brincadeiras de roda e confecção de instrumentos, como sugere Sonia Regina Albano de Lima, diretora da regional paulista da Associação Brasileira de Ensino Musical.

"Dessa forma, a música é capaz de combater a agressividade infantil e os problemas de rejeição", justifica ela.

Nas escolas da rede municipal de Franca, onde o Projeto de Educação Musical já existe desde 1994 (ou seja, muito antes da lei nº 11.769 entrar em vigor), as crianças não só ouvem música, como a produzem, fazendo pequenos arranjos e tocando instrumentos como a flauta doce e alguns de percussão. Elas também vivenciam a música, por meio de trabalhos corporais que desenvolvem a atenção e a coordenação motora. "Não queremos formar músicos, mas desenvolver a criticidade para não aceitar tudo o que a mídia impõe, conhecer as raízes da música brasileira, despertar o gosto pela música, preservar nosso patrimônio musical e aumentar o repertório musical nacional e internacional", conta Lisiane Bassi, professora da rede pública estadual.

Além destas iniciativas que acreditam e vêm na música a possibilidade de reintegração social e construção do conhecimento, temos conhecimento de alguns outros projetos espalhados por vários pontos do país. Entretanto, vale ressaltar, que são projetos isolados e que visam, principalmente, crianças carentes e/ou de risco. Bom seria se servissem de exemplo e de parâmetro para uma política educacional mais comprometida com a educação infantil e o ensino fundamental e que pudessem ser disseminados para todas as escolas do ensino fundamental e médio do país.

Após analisarmos tais exemplos de sucesso, fica patente a relevância do ensino através da música, um dos fatores de nossa pesquisa. 

Já sobre o teatro como forma de ensino, nos diz Rubem Queiroz Cobra, doutor em geologia pela Universidade Federal de Minas Gerais e autor do site COBRA PAGES:

“O Teatro na Educação, ou Teatro Educativo, ou ainda Teatro Pedagógico, consiste em trazer para a sala de aula as técnicas do teatro e aplicá-las na comunicação do conhecimento. As possibilidades do Teatro como um instrumento pedagógico são bem conhecidas. Esteja o aluno como espectador ou como figurante, o Teatro é um poderoso meio para gravar na sua memória um determinado tema, ou para levá-lo, através de um impacto emocional, a refletir sobre determinada questão moral. Esta é, portanto, uma questão assente, ponto do qual podemos partir para examinar os aspectos práticos, de sua utilização pelo Pedagogo.

O enfoque aqui adotado não é o da preocupação com crianças que têm problemas de aprendizagem, mas com o comportamento social e moral do jovem psicologicamente normal, não apenas apto, mas também desejoso de um aprendizado de valores, de aspectos psicológicos do comportamento, de opções vocacionais, de Boas-maneiras e Etiqueta para bem relacionar-se com pessoas, etc. O Teatro será um recurso opcional importante para a Formação Comportamental, que é uma atividade pedagógica proposta neste Site para ser inserida na Orientação Educacional (Vide: O ORIENTADOR EDUCACIONAL E O SEU MOMENTO).”

Há ainda o Grupo de teatro científico “Ciência na Cabeça” que traz, na sua terceira montagem, o espetáculo “Frankenstein: a ciência no divã”. 

Formado por alunos de graduação e pós-graduação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenado pelo professor Alfredo L. Mateus do Colégio Técnico da UFMG (COLTEC), o grupo apresenta nessa montagem uma adaptação do clássico de Mary Shelley, Frankenstein. O espetáculo é repleto de experimentos e discussões que abordam diversos assuntos de física, química e biologia. Já foram feitas oito apresentações para um público estimado de 2.500 estudantes de ensino médio e superior e professores.

Este trabalho tanto tem contribuído para a formação acadêmica dos seus integrantes como mostrado o lado lúdico da ciência, trazendo aos alunos a física, a química e a biologia de uma forma agradável e diferente.

No campo da sétima arte, o cinema, há alguns trabalhos já experimentados e funcionais, como é o caso do trabalho desenvolvido pelo Professor de filosofia, romancista e ensaísta, Ollivier Pourriol, em seu livro Cinefilô: as mais belas questões da filosofia no cinema (Zahar, 2009), que promove aulas em um cinema de Paris onde relaciona filosofia e cinema.

Acreditando piamente que a sala escura do cinema permite a rara fusão entre imaginação e racionalidade, o francês Ollivier Pourriol teve uma idéia inusitada: ensinar filosofia através de enredos de filmes cultuados no mundo inteiro. Que tal aprender com Brad Pitt, Tom Cruise, Bruce Willis e Christopher Lambert? O Clube da Luta, por exemplo, leva a um saboroso debate sobre a liberdade; Colateral é pretexto para salientar noções de método; O sexto sentido remete às fronteiras entre consciência e percepção. Assim, por meio de personagens da cultura pop, com seus dilemas contemporâneos, questões tradicionalmente consideradas “difíceis” chegam até o leitor leigo de forma compreensível, envolvente e sem banalizações. A filosofia se torna finalmente um conhecimento ao alcance de todos.


Palavras do autor:
A IDÉIA

POURRIOL. Eu buscava sair da maneira tradicional de ensinar filosofia, e eu passei pelo cinema utilizando extratos de filmes, fazendo, para os meus cursos, apresentações dentro do cinema com filmes. De maneira a transformar o cinema em objeto de pesquisa filosófica, mais do que fazer um curso magistral habitual, porque as duas coisas que gosto mais são mesmo a filosofia e a literatura, e com o cinema tornam-se três. Eu me perguntava se há ligação entre as coisas que amo, e também vontade de saber se há ligação entre a abstração filosófica e a maneira como montamos as imagens, como enquadramos, como filmamos; o que é a idéia do cinema? É isso que me interessa; o que o olho do espírito tem a ver com o olho da câmera, e como isso se conecta. 

Eu explorei isso com dois grandes filósofos difíceis do século XVII; peguei Descartes e Spinoza. Com os dois utilizamos a metáfora do olho, da luz da razão, a intuição etc. E eu me perguntei se era possível compreender alguma coisa no cinema, mesmo se o cinema não existisse. Eu apresento associações entre textos e filmes de onde se desenharia o cinema. É um laboratório aberto, as pessoas podem propor, intervir, não há classificação entre eles, filme “cabeça”, grandes filmes comerciais..., não há a hierarquia acadêmica; é um lugar de prazer, de troca, de reflexão. As primeiras idéias que temos, verdadeiramente mesmo, na história do desenvolvimento de uma criança, é o cinema, a televisão..., são, atualmente, as imagens; e as imagens montadas, as imagens que contam uma história, que são primeiras. Deduzi então, bem... a filosofia, no fundo, agora vem em segundo... 


Metodologia utilizada: 

Sobre o trabalho executado por Pourriol, Edilson Pereira, colunista do site Paraná On-line assim discorre: 


“Pourriol começou a desenvolver o seu método em sala de aula em 2006, no último ano do colegial. Depois continuou numa sala de cinema, no cineclube MK2 da Biblioteca de Paris. O sucesso imediato o levou a fazer quatro conferências sobre a experiência.


O professor diz que não se trata simplesmente de ensinar filosofia por meio do cinema, mas de confrontar cinema com filosofia. Assim como ocorre na ficção científica em relação à física e outras ciências, ele diz que muitas vezes o cinema esclarece mais sobre filosofia graças a seu poder de identificação.


E foi assim que ele levou a sua galera para a sala de cinema e ensinou noções de dois grandes nomes da filosofia moderna: o francês René Descartes (1596-1650), pai do racionalismo e quem deu o pontapé inicial na Idade Moderna, com a expressão lapidar "Penso, logo existo".


O outro filósofo em questão é o holandês Baruch Spinoza (1632-1677), que, ao contrário de Descartes, achava que a emoção só pode ser superada pela emoção e nunca pela razão. Um duelo de gigantes, aliás, também nome de filme.


Pourriol, jovem francês com cara de jovem professor francês de filosofia, introduziu elementos de cultura pop e botou Brad Pitt, Tom Cruise, Bruce Willis e Christopher Lambert para ensinar filosofia para a galera.


Pourriol começou com Descartes e Spinoza porque ambos procuraram universalizar o seu pensamento, conferindo uma forma mais acessível, democrática. No caso de Descartes, em vez de escrever suas obras em latim, ele optou pelo francês.


No caso de Spinoza, escreveu à maneira dos geômetras. Os dois também utilizam a metáfora do olho e da visão para falar sobre o espírito. Em Descartes, a luz da razão e em Spinoza "os olhos da alma". Segundo o professor, estas questões se relacionam com o mundo do cinema, através de metáfora, com os movimentos de câmera.


E como é que se dá isso na prática? Em Colateral, de Michael Mann, Tom Cruise personifica um matador profissional. Há uma cena numa boate em que cada movimento de câmera, de acordo com Pourriol, corresponde a um preceito do método cartesiano.


Está tudo ali: "Idéia clara e distinta (do desfocado à definição), divisão da dificuldade (zoom), invenção de uma ordem não natural (montagem), enumeração (panorâmica).


É delicado resumir, ainda mais sem estar assistindo ao filme, e eis por que no livro proponho uma montagem de trechos de filmes com descrições e diálogos, numa ordem que permite construir a idéia", diz ele. 


Ou seja: é uma maneira de aprofundar uma discussão sobre filmes, servindo também de método para compreender outros. Então é uma questão de método? Sim, diria Jean-Paul Sartre, também filósofo francês. É uma questão de método”.



3 - Conclusões

Tendo em conta a pesquisa aqui realizada e seus respectivos resultados, podemos concluir que a abordagem artística, com foco na música, cinema e teatro, tem produzido resultados largamente satisfatórios nas escolas e Estados onde é realizada, o que me leva a crer que, com as devidas adaptações e ajustes, tais projetos serviriam perfeitamente para originar outros com enfoques mais específicos para nossa realidade paraense, e que fatalmente serviriam como proposta pedagógica no combate à evasão dos alunos na Escola Brigadeiro Fontenelle, alvo de nossa problematização.


Concluímos ainda que é plenamente possível a realização de uma educação inclusiva, voltada para os alunos e seus interesses, de modo a que eles tenham prazer em frequentar a Escola. Basta para isso, que nós, educadores abramos nossas mentes à outras formas pedagógicas, além das que já conhecemos. È preciso que tenhamos humildade para reconhecer que em muitos casos, não passamos de meros repetidores do que nos foi ensinado, da forma que nos foi ensinado. É preciso que tenhamos o foco na EDUCAÇÂO de nossos alunos, não apenas em seu processo de letramento, o que nos levará a novos níveis de compreensão de nossa condição de educador e aos nossos alunos, a desenvolverem seu potencial máximo, enquanto cidadãos, artistas e produtores de conhecimento.


Pudemos perceber ao longo da pesquisa, que o maior fator de evasão escolar nos dias de hoje, tem sido mesmo o desinteresse dos alunos pelos conteúdos ministrados em sala de aula, o que os leva a não prestarem atenção ao professor, nem mesmo quando estão ainda frequentando à escola. 


Compete a nós, futuros professores, não só os de Letras, mas todos, assimilar essa realidade e buscar desde os nossos primeiros momentos no magistério, fazer a diferença. Cabe à nós a tarefa de fazer a Lei 11.769 ser cumprida, e bem cumprida. Não apenas ensinando música para as crianças, mas utilizando-nos dela para transmitir conhecimentos. 


É nesse intuito que propomos uma nova visão sobre a Lei de Diretrizes e Bases, utilizando-a de uma forma COMPLETA e responsável, para melhorar a forma de educar no Brasil e quem sabe assim, mantermos nossas crianças na escola, que é o lugar delas.


Referências


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