sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Juventude transviada - Cazuza


Uma professora muito querida minha me mandou esse e-mail, para que fosse retransmitido. Confesso que ao terminar de lê-los, estava revoltado! não apenas pela obtusidade de quem o escreveu (não a professora), mas também pelo seu teor de PRECONCEITO e IGNORÂNCIA sobre a vida e sobre quem era de fato Cazuza. Ele era uma pessoa como nós, apenas mais INCONFORMADO que a maioria. Entender Cazuza pede que se entenda todo o CONTEXTO em que viveu e morreu. Mas julguem vocês mesmos o assunto. Segue o email (Ipsi literis):

**Psicóloga x Cazuza! **

**Uma psicóloga** que assistiu ao filme escreveu o seguinte texto:
'Fui ver o filme Cazuza há alguns dias e me deparei com uma coisa
estarrecedora.. As pessoas estão cultivando ídolos errados..
Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza?


Concordo que suas letras são muito tocantes, **mas reverenciar um
marginal como ele**, é, no mínimo, inadmissível.
**Marginal, sim,** pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da
sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir (ao menos
eu) **com conceitos de certo e errado**.
**No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou
trabalhar para conseguir nada**, já tinha tudo nas mãos. **A mãe
vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras.**O pai preferiu
se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr solta.
**São esses pais que devemos ter como exemplo?**
Cazuza só começou a gravar porque o pai era diretor de uma grande
gravadora..
**Existem vários talentos que não são revelados** por falta de
oportunidade **ou por não terem algum conhecido importante. ***
* **Cazuza era um traficante,** como **sua mãe revela no livro**,
admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, **um verdadeiro
criminoso**. **Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a
única diferença entre Cazuza e Fernandinho Beira-Mar é** que um
nasceu na zona sul e outro não.
Fiquei horrorizada com **o culto que fizeram a esse
rapaz**,**principalmente por minha filha adolescente** ter visto o
filme.**Precisei conversar muito para que ela não começasse a pensar
que usar drogas, participar de bacanais, beber até cair e outras
coisas, fossem certas**, já que foi isso que o filme mostrou.
Por que não são feitos filmes de pessoas realmente importantes que
tenham algo de bom **para essa juventude já tão transviada**? Será
que ser correto não dá Ibope, não rende bilheteria?
Como ensina o comercial da Fiat, **precisamos rever nossos
conceitos**, só assim teremos um mundo melhor.
_
(é mole? ela ainda baseia a sua argumentação em um comercial de automóveis!!!)
_______________
(minha resposta ao email:)
Desculpe professora, não concordo. Aliás, nunca vi tanta besteira junta! concordo que o problema do Cazuza foi o excesso de "liberdade" sem controle dos pais, mas relegá-lo a um marginal é muita falta de bom senso. Além de hipocrisia. Vai me dizer que as pessoas não fazem essas coisas? que não bebem, não fumam não fazem um monte de besteiras na vida? Dizer que o filme não devia ser feito (e sim filmes sobre "as pessoas boazinhas") é um erro incrível, uma vez que, se pensarmos bem, é justamente por causa do filme sobre uma pessoa que viveu loucamente que estamos discutindo isso. ninguém discutiria ou refletiria sobre seus próprios erros vendo a vida de um certinho. Falar mal de Cazuza é não conhecer sua poesia, sua profundidade... julgar apenas sua vida "filmográfica" é ignorar TODOS os dias de sua vida, que com certeza não podem ser captados em um filme de 2 horas. Quando ele diz "meus heróis morreram de overdose" não está fazendo apologia às drogas, pelo contrário, está criticando o fato de grandes músicos, como Jimmi Hendrix, Curt Cobain, e Elvis terem morrido assim, de forma tão estúpida. A sequência da música diz "meus inimigos estão no poder". E isso não é verdade? ou os políticos do nosso país são nossos amigos??? Será que as pessoas que se dispõe a criticar o Cazuza a partir DE UM FILME se deram ao trabalho de interpretar ao menos algumas de suas músicas? Me admiro de uma psicóloga, que deveria entender a "alma" humana não perceber qual o ponto focal da poesia de Cazuza. Segundo essa lógica, deviamos queimar tudo de Augusto dos Anjos, Álvares de Azevedo, Lord Byron, Baudelaire, enfim... todos que falavam de tristeza e amargura, todos os que tiveram uma vida "desregrada", todos os que não foram "políticamente corretos". Quem efetivamente é 'certinho' o suficiente para julgar a vida de alguém? o que deveria ser analisada seria sua obra! E apenas isso. Como alguém pode censurar o Cazuza e aplaudir Oscar Wilde? Ele era MUITO mais maluco! Ele bebia Absinto com láudano!! . E Raul Seixas? Também era um playboy? Com certeza não. Mas era MUITO mais maluco que o Cazuza. Alguém vai dizer que ele também não era um artista? Essa psicólogoa devia era estudar um pouco de história! Ou ela não sabe que quase TODOS os grandes poetas e escritores eram boêmios?? Cazemiro de Abreu foi um boêmio. Fagundes Varella também.Tobias Barreto foi expulso do seminário por boemia e insubordinação. Bernardo Guimarães era amigo de Álvares de Azevedo e mesmo sendo um boêmio Byroniano é o autor de Escrava Isaura. Será que precisamos falar em Gregório de Matos?? José de Alencar vivia uma vida boêmia, regada a muita bebida e farras... porque essa psicóloga não fala mal deles??
É fácil criticar alguém. Difícil é viver sua vida...
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Ah, só mais uma coisa:
VIVA CAZUZA!!!!!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Auto-catártica


Divago por caminhos incertos que me fazem perceber a diferença entre o que quero e o que posso ter.

Queria ter tudo, mas posso adquirir apenas um terço daquilo que na minha extrema pretensão acho
que mereço.

Então eu finjo várias situações e encontro as mais belas e absurdas soluções.

Eu quero o amor completo, incondicional, o amor que ninguém ou quase ninguém poderá dar-me, eu
quero a liberdade extrema, mas existem pessoas que nos reprimem, não de modo duro, ou consciente ,
mas nos vemos presos a certas regras, do amor incondicional à liberdade total,
vemos a grande utopia do ser humano.

Inquestionáveis momentos penso que, às vezes, não passo de um ser qualquer, mas logo lembro que
tenho meus amigos, que um ser qualquer seria desprezado por completo por todos, como um reles vegetal.

Assisto hoje em dia meu próprio filme de um outro ângulo onde não sou fator predominante mas um
atenuante em muitos setores.

Posso por exemplo julgar-me capaz de escrever um livro, mas a quem interessar poderia minhas letras,
que quando formam palavras, muitos não compreendem o real sentido? Posso sugerir a percepção de
várias formas, mas sou como artista apenas eu as compreendo, porque risos, lágrimas, palmas e danças
saem de meus sonetos.

A dialética se enquadra em minha mente que brinca com minhas pequenas mãos, então perfaço as ruas
de minha cabeça e encontro lá pessoas desaparecidas mas nunca esquecidas.

Digo à minha pessoa que nada pode me abater, que a qualquer momento voltarei ao meu patamar poético
e com prazer de um grande amor a palavra escrita, cantarei a trova do poeta adormecido há alguns anos
dentro de meu ser e me erguerei de minha indolência.

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Daniela Vieira
10/04

sábado, 5 de fevereiro de 2011

SÓ SENDO PARAENSE PRA ENTENDER


Pará



Um dia eu tava buiado, pensei em ir lá em baixo comprar uns tamatás. Tava numa murrinha, mas criei coragem, peguei o sacrabala e fui. Chequei tarde só tinha peixe dispré. O maninho que estava vendendo tinha uma teba de orelha do tamanho dum bonde. O gala-seca espirrou em cima do tamatá do moço que tinha acabado de comprar, e no meu tembéim. Ficou tudo cheio de bustela...Axiiiiiii, porcaria!

Não é potoca, não. O dono do tamatá muquiou o orelha-de-nós-todos, mas malinou mesmo. Saí dalí e fui comer uma unha. Escolhi uma porruda! Égua, quase levei o farelo depois. Me deu um piriri. Também...perece leso, comprar unha no veropa. Comprei uns mexilhões, um cupu e um pirarucu, mto fiiiiiirme, mas um pouco pitiú.

Fui pra parada esperar o busão. Lá tinha duas pipira varejeira fazendo graça. Eu pensando com meus botões...ÊEEEE, ela já quer... Mas, veio um Paar-Ceasa sequinho e elas entraram...Fiquei na roça, levei o farelo. O sacrabala veio cheio e ainda começou a cair um toró, égua-muleke-tédoidé, pense num bonde lotado. Eu disse: éguaaaaaaaa, voimbora logo.

No sacrabala lotado, com o vidro fechado por causa da chuva, começa aquele calor muito palha. Uma velha estava quase despombalecendo. Daí o velho que tava com ela gritava arreda aí menino pra senhora sentar aí do teu lado. O menino falou: Hmm, tá, cheiroso..


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Escrito por Carlos Mendes
http://www.radiotabajara.com.fm/
Sex, 20 de Agosto de 2010

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