sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Uma vida, duas visões...



Não é incrível como existem tantas verdades para os mesmos fatos?
Olhe esse exemplo:

Diário dela:


No domingo a noite ele estava estranho. Saímos e fomos até um bar para tomar uma cerveja.

A conversa não estava muito animada, de maneira que pensei em irmos a um lugar mais íntimo.

Fomos a um restaurante e ele ainda agindo de modo estranho. Perguntei o que era, e ele disse que nada, que não era eu. Mas não fiquei muito convencida. No caminho para casa, no carro, disse-lhe que o amava muito e de toda sua importância.

Ele limitou-se a passar o braço por cima dos meus ombros. Finalmente chegamos em casa e eu já estava pensando se ele iria me deixar!

Por isso tentei fazê-lo falar, mas sem me dar muita bola ligou a televisão, e sentou-se com um olhar distante que parecia estar me dizendo que estava tudo acabado entre nos.

Por fim, embora relutante, disse que ia me deitar. Mais ou menos 10 minutos ele veio se deitar também e, para minha surpresa correspondeu aos meus avanços, fizemos amor. Mas depois ele ainda parecia muito distraído e adormeceu.
Comecei a chorar, chorei ate adormecer. Já não sei o que fazer. Tenho quase certeza que ele tem alguém e que a minha vida é um autêntico desastre.

Diário dele:

O meu time perdeu. Fiquei chateado a noite toda. Pelo menos dei umazinha.

Mas ainda tô chateado… Time de bosta!



Matriz ou Filial



Quem sou eu
Pra ter direitos exclusivos
Sobre ela
Se eu não posso sustentar
Os sonhos dela
Se nada tenho
E cada um vale o que tem

Quem sou eu
Pra sufocar a solidão da sua boca
Que hoje diz que é matriz e quase louca
Quando brigamos diz que é a filial

Afinal
Se amar demais passou a ser o meu defeito
É bem possível que eu não tenha mais direito
De ser matriz por ter somente amor pra dar

Afinal
O que ela pensa conseguir me desprezando
Se sua sina
Sempre é voltar chorando
Arrependida me pedindo pra ficar.


___________________
Compisição: Lúcio Cardim
Intérprete: Jamelão

domingo, 4 de outubro de 2009

Dicionário Papa-chibé I



A LÍNGUA PARAENSE
AÇU - Na língua paraense o sufixo é muito usado e significa grande. Dizem os sabichões que deriva do tupi.
EXEMPLO:
Duas gatinhas estão dando uma volta pelo shopping. De repente, uma delas aponta para um coroa que vai passando e coenta:
- Tá vendo aquele, cara?
- Tô.
- É um sacana-AÇU. Fez meu mano perder um milhão de reais.
- Égua! Foi na poupança, algum negócio, transação imobiliária? - Nada, mana. Ele não deixou o meu irmão casar com a filha dele...
BUIADO - Endinheirado, cheio da grana.
EXEMPLO:
O marreteiro explica para um conhecido dele ali na Feira da Praça da República: - Tô vendendo agora estatuetas do Cristo Redentor. Tremendo negócio. Tô vendendo de montão. Vou ficar rico, cara. - Tenho cá as minhas dúvidas? - Por que? - Ora, Judas vendeu o próprio Cristo e não ficou BUIADO...

CABOQUEAR - Paquerar, namorar, dar uns amassos nas morenas do interior.
EXEMPLO:
O casal está emboletado num banco de praça e pinta um guarda. - Êpa! Não pode ficar CABOQUEANDO aqui na praça depois das 11 da noite. Diz o cara: - Olhe, seu guarda, nós somos casados. - Por que não vão conversar em casa? - Égua, seu guarda! Se formos pra casa, o marido dela me mata...

DESMANCHO - Desarranjo intestinal, forte disenteria.
EXEMPLO:
O pirralho era por demais guloso, a mãe chegava a ter vergonha de levá-lo na casa dos conhecidos. Vai que um dia uma amiga telefona e convida para o aniversário do filhinho. O guloso começa a pentelhar a mãe: - Ei, mãe! A gente vai, né? Vai ter brigadeiro, empadinha, arroz de galinha, refri, vai ser legal à beça. Não posso perder. A mãe foi conversar com o marido. Ele resolveu: - Leva Isaurinha. Tá na hora desse estômago de avestruz aprender a se comportar à mesa. No dia da festinha, a mãe marcava o guloso sob pressão. Todo tempo colada nele. Depois do pestinha ter se empanturrado, a mãe ordenou: - Agora, chega, Candiruzinho ou você vai acabar tendo um DESMANCHO daqueles de tanto comer porcaria. Vai acabar estourando!

ÉGUA - Eras! Puxa! Pô! É uma das expressões mais peculiares da língua paraense.
EXEMPLO:
Passam duas mulheres em frente a um bar. Um dos sujeitos que está lá, comenta com o outro: - Ih, cara, tô frito. Olha só quem vem lá: a minha mulher e a minha amante, juntas. E o outro também no maior desespero: - ÉGUA! Você me tirou a palavra da boca!

FLOSÔ - Numa boa, tranquilamente, sem problemas.
EXEMPLO:
O casal, a mulher um bagulhão, coroa, cheia de varizes, foi ver uma casa para alugar. No que chegaram no quarto a gordona alertou para uma janela enorme. - Xi, preto, temos que comprar uma cortina pra cá. Senão o vizinho vai ficar me espiando. Você compra a cortina? - Compro, nada! Deixa ele ver a primeira vez que depois eu fico DE FLOSÔ e ele mesmo compra a cortina e coloca...

GIQUIGI - Apertado, pequeno, justo.
EXEMPLO:
O maridão convidando a esposa para irem curtir uma festança na roça na casa de um conhecido dele. - Nega, vai te aprontar. Vamos lá na casa do Noca que o lance vai ser porreta. - Tudo bem, já tô indo. - Olha, nega, bota aquele shortinho que eu te dei, aquele jeans... - Ah, aquele não dá, mô. - Por que, já? - É que eu engordei um pouco e ele tá muito GIQUIGI...

HEN-HEN - O vocábulo - de origem tupi - na língua paraense equivale a uma afirmação: sim.
EXEMPLO:
Uma repórter vai entrevistar um jogador de futebol pouco antes dele adentrar no gramado. - Por favor, uma perguntinha rápida ao nosso microfone. Seguinte: você tem o costume de transar antes dos jogos? E o jogador: - HEN-HEN! Não só antes do jogo como também depois. Só não faço sexo durante porque Sua Senhoria pode se invocar e me mandar pro chuveiro...

INTICAR - Implicar, intrigar, provocar.
EXEMPLO:
A fulaninha pra lá de boazuda cisma de ver o pôr-do-sol acolá, na Feira do Açaí. De repente, irrompe um elemento, aponta um canivete para a gostosona e obriga que ela o acompanhe até um canto mais ou menos deserto. Em seguida, dá uma transada com a mulher. Mas o sujeito só queria mesmo transar, não feriu a boazuda, nem nada. Ia se mandar quando a vítima berrou: - Êpa! Não fuja, patife! Vou chamar a polícia e denunciar que você abusou de mim sete vezes, de tudo quanto é jeito! O homem bestificado: - Sete vezes, dona? - Isso mesmo! O senhor me usou sete vezes! - Que é isso, dona? A senhora quer me INTICAR, é? Foi só uma vez... - Uma vez, por enquanto. Mas o senhor não está com pressa, está???

JÁ MÉ VU - Adeus, até logo, vou embora.
EXEMPLO:
A patroa depara com o maridão saindo da Pensão da Cotinha completamente embriagado. Lastima: - Poxa, Miquelino, você não faz idéia de como me entristece vê-lo sair assim de um bar. - Eras, Maricota, francamente. Não sei mais o que fazer para te agradar. Ainda ontem você me disse que se entristecia de me ver entrar num bar. Por isso - hi!chic! - JÁ MÉ VU...

KATSU - Um apelido do cacete.
EXEMPLO:
O delegado flagra um sujeito completamente embriagado e dá a célebre voz de prisão: - Teje preso! E o coçado: - Teje preso é o KATSU! Você me prende hoje e amanhã eu tô solto. Mas quando eu lhe prender, você nunca mais vai sair, cara. - E quem você pensa que é pra me ameaçar desse jeito? - Eu sou coveiro do cemitério, pô!

LAMBAIO - Aquele que está sujeito a outro, serviçal.
EXEMPLO:
Urinaldo, que jamais havia bebido, chega em casa embriagado. Aflita com aquilo a patroa de Urinaldo quer saber o porquê daquela situação. E o Urinaldo explica: - Foi o oculista que mandou. - Êpa! Por acaso você é LAMBAIO dele? Não acredito nisso, não! - Pois leia a receita e veja se não diz: "Pinga de hora em hora"...

MUNDIAR - Magnetizar, encantar, assombrar.
EXEMPLO:
Naquele hospital a jovem senhora consulta um catálogo telefônico e de tão concentrada que está, chega nem pisca. A enfermeira pergunta: - Escute, aqui: por que a senhora está assim tão compenetrada? Parece até que a senhora está MUNDIADA pela lista telefônica. O que houve? - Ah, é que eu estou procurando um nome para o meu filho. - Então é isso? Olhe, nós temos aqui uma lista especial com uns 500 nomes para crianças. E a mãe na bucha: - O guri já tem nome, enfermeira, eu estou é procurando pelo sobrenome...

NÃO ENCHE A PEREMA - O mesmo que não chateia, não perturba.
EXEMPLO:
Toda alegrinha a mãe chama a filha de sete anos e pergunta que presente ela quer ganhar de aniversário. A menina responde: - Pílula! Estupefata a mãe indaga: - A pílula? Mas por que a pílula, minha filha? - Ora mãe, NÃO ENCHE A PEREMA! Eu já tive sete bonecas e não quero ganhar mais uma...

ORA, NÃO ME RACHA - Não enche, não amola, não aporrinha.
EXEMPLO:
Dois colegas estão levando um papo esperto. Um deles pergunta: - Escuta aqui, cara, o que tu quer ser quando crescer, hein? - Ah, eu quero ser todo cabeludo, cara. - ORA, NÃO ME RACHA! Isso não é profissão! - É, mas rende à beça. A minha irmã só com um pouquinho de cabelo no lugar certo sustenta a família inteira...

PAI-D'ÉGUA - Ótimo, perfeito, maravilhoso.
EXEMPLO:
A gatinha se aproxima da mãe com ar de superioridade: - Lembra, mãe, quando a senhora me ensinou que o caminho do coração de um homem passa pelo estômago? - Claro, que lembro, meu bem. - Pois vou lhe contar uma coisa: acabo de descobrir um caminho muito mais PAI-D'ÉGUA!

PAPACHIBÉ - É o apelido que designa quem nasce no Pará.
EXEMPLO:
As duas turistas que vieram curtir as festas de fim-de-ano com a família, passam em frente a uma construção. Uma delas comenta chateada para a amiga: - Nossa! Esses PAPACHIBÉS são uns grossos! - São mesmo! Todos eles, sem exceção. - Pois é. Essa é a segunda vez que a gente passa por aqui e eles - ó - nada. Nem deram um assoviozinho pra nós...

QUIRIRI - Quieto, manso, tranquilo.
EXEMPLO:
O sacrista é flagrado assaltando uma joalheria e é levado à presença do delegado que o interroga: - Então, o senhor confessa que forçou a porta da loja usando um pé-de-cabra? - Sim, doutor, eu confesso. - Mas o senhor fica aí todo QUIRIRI, não está arrependido? - Não, senhor. Queria só cumprir o último desejo do meu pai. - Como assim? Seu pai por acaso queria que senhor fosse ladrão? - Não, senhor. Mas o sonho do meu velho era que eu abrisse uma joalheria...

ROER UMA PUPUNHA - Encarar uma grande dificuldade, ter que superar um problema difícil.
EXEMPLO:
Numa jornada de autógrafos no Centur, o sujeito pergunta para um conhecido: Ah, meu chapa, para ganhar a vida eu tenho que ROER UMA PUPUNHA. Eu escrevo. - O senhor tem quantos livros publicados? - Nenhum... - Eu sei, o senhor escreve para jornais e revistas, não é? - Também não. Escrevo todos os meses pedindo para minha família...

SUCO, SUMANO - Uma expressão de espanto e de perplexidade.
EXEMPLO:
O garotão chega em casa morto de fome e é recebido pela mãe toda sorridente, que fala: - Oi, filhão! Você nem sabe o que tem ali na cozinha, guardadinho pra você... O garotão todo derretido: - Ôba! Você fez aquele doce de cupu? Ou foi pudim de bacuri, hein, mãe? - Negatofe! Na porta da cozinha tem 5 sacos de lixo pra você levar pra rua e já... - SUCO, SUMANO!

TUCANDEIRA - De tamanho reduzido, curta, pequena.
EXEMPLO:
A fessora escorrega e cai na sala de aula. Na queda, a saia sobe até a cabeça. Ela levanta-se e passa a interrogar a classe: - Pedrinho, o que você viu? - Sua perna, fessora. - Uma semana de suspensão! Você Joãozinho? - Eu vi seu joelho, fessora. - Um mês de suspensão! Candiruzinho, o que você viu? Candiruzinho levanta pega seu material e vai saindo da sala: - Sabe, fessora, com a queda, sua saia ficou TUCANDEIRA. Turma, até o ano que vem...

URUBUSSERVAR - Ver, olhar, espiar.
EXEMPLO:
O vida-torta vai em cana, mas antes de ir para o xadrez o delegado faz questão de falar com ele. - Ei, Pedrão! Essa é centésima vez que eu tô URUBUSSERVANDO tua cara aqui nesta delegacia! - Sinto muito, otoridade. Não tenho culpa se os zomi num promove o senhor...

VASQUEIRO - Escasso, raro, que há pouco.
EXEMPLO:
Duas amigas batem um papinho. - Sabe, mana, desde que me casei o Neco não me fez mais nenhum carinho, não me procurou mais. - Nossa! Já que ele está assim tão VASQUEIRO, mana, pede logo o divórcio. - Mas como, mana, se ele não é meu marido... XERO - Equivalente a parceiro, camarada, amigo.
EXEMPLO:
Os dois se encontram na Pensão da Cotinha e levam um papo. - E aí, Zequinha, como vai o teu reumatismo? - Olha, tá pai-d'égua, cada vez melhor. - Êpa! Não entendo mais nada. Tu diz que tá pai-d'égua e taí com essa cara de funerária. Que é que há? - Pois é isso, meu XERO. Você perguntou sobre o reumatismo, né? Ele tá cada vez mais legal. Eu é que estou cada vez pior...

ZITO - Uma variação do gito, com o mesmo significado: pequeno.
EXEMPLO:
No restô da Pensão da Cotinha o freguês está enfezado: - Ei, garçom! Venha cá! - Pronto, chefia. - Olhe isso aqui. Esse bife além de ZITO está preto de tão queimado. - É que ele tá de luto, chefia. Ontem morreu um dos nossos cozinheiros!

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Retirado do Geocities. Infelizmente, não encontrei o nome do autor para fazer os devidos créditos. Fica aqui o meu agradecimento, contudo.

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